"Hoje deve ser quinta-feira", pensou Arthur, debruçando-se sobre o chope. "Nunca consegui entender qual é a das quintas-feiras."
A vida é complicada, mas ainda existe simplicidade: Douglas Adams é um gênio da comédia. Simples assim. Essa série ou, como ele gostava de chamar, essa trilogia de cinco, foi primeiro uma rádio novela antes de ser transformada em livros. E isso explica muito. Como é um livro fácil de se acompanhar, que arranca gargalhadas que farão os outros te olharem como se tivesse enlouquecido, mas também se apegar aos personagens. Rádio novelas são feitos com o foco na voz, estranho seria se não fosse possível diferenciar os personagens.
E falando em personagens, como eles são únicos. Arthur Dent, nosso protagonista terráqueo, está tendo um dia bem estranho. Alguns dias bem estranhos. Uma vida bem estranha. Ford Prefect é tudo, menos um ser humano. Um editor d'O Guia dos Mochileiros da Galáxias, sua função é aumentar o verbete da Terra. Zaphod Beeblebrox, o presidente da galáxia, aproveitou uma transmissão ao vivo para roubar uma nave que se move de acordo com as probabilidades e isso vai gerar um problema enorme para todos. Trillian é a pessoa mais normal desse grupo desvairado, apenas uma mulher com sede de conhecimento e ratos de estimação.
E temos Marvin, é claro. Marvin, o robô. É mais fácil deixar que ele mesmo te mostre quem ele é:
Ah, a vida — disse Marvin, lúgubre. — Pode-se odiá-la ou ignorá-la, mas é impossível gostar dela.
Eu já li esse livro, pelo menos, seis vezes. A cada vez que eu lia mais ele crescia. Entendia piadas que antes não tinha sacado, percebia detalhes que foram invísiveis aos meus olhos, me encantava mais e mais. E sempre que terminava a leitura uma tristeza infinita dominava o meu coração por saber que Douglas Adams não teve tempo para escrever mais em sua vida. Tristeza por saber que a genialidade dele foi parada por uma força mais forte que todas as outras: a, invencível, morte. Douglas escreveu pouco, mas, do pouco que escreveu, ele fez muito.
Posso afirmar que Bradley Trevor foi extremamente acertivo ao descrever Douglas Adams:
Douglas Adams é, sem dúvida, o pensador mais hilariantemente original, embora seja consenso geral que Einstein era melhor dançarino de funk.
Brincadeiras a parte, o texto que acompanha a edição brasileira da Editora Arqueiro, feito pelo já citado Bradley, é muito agregador. A driagramação é muito confortável, a tradução foi feita com um esforço tamanho já que Douglas Adams amava trocadilhos, e a revisão também foi muito bem feita.
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