RESENHA: #1 O LADRÃO DE RAIOS - RICK RIORDAN - Mais livros, por favor

RESENHA: #1 O LADRÃO DE RAIOS - RICK RIORDAN

Publicado em sábado, 18 de junho de 2022


Ninguém merece ser um meio-sangue. Vá por mim, tudo será mais fácil se você for uma pessoa comum. Acredite em qualquer mentira sobre o seu nascimento e siga a sua vida. Se achar que pode ser alguém especial, se seu coração souber que existe algo que não se encaixa na sua história, isso significa que você pode ser um de nós e, no momento em que fica sabendo disso, é apenas uma questão de tempo antes que eles também sintam isso, e venham atrás de você. Não diga que eu não avisei.

Emocionada com a adaptação dessa série incrível se aproximando (E SURTANDO POR CONTA DO ELENCO MARAVILHOSO), eu precisei reler Percy Jackson. Não vou mentir, eu fiquei com medo de reler esse primeiro livro. Tinha medo de perceber que meu eu de treze anos tinha um padrão muito baixo e acabar estragando lembranças tão boas que eu carrego desde a época em que li a primeira página do nosso meio-sangue nos intimando a fechar o livro. Felizmente, meu eu de treze anos pode ter gasto muito tempo e paciência lendo coisas horrendas, mas esse não foi o caso.

Entenda: coisas ruins me acontecem em excurções escolares.

Percy Jackson não é um garoto com uma vida comum. Ele tem um padrasto horrível, uma mãe que se quebra por inteira para o ajudar com o que pode, uma dislexia que o atrapalha demais na escola e TDAH para fechar com chave de ouro uma lista resumida de suas complicações nesse mundo. Mais que isso, ele estuda há alguns meses numa escola para crianças problemáticas e sabe que nunca consegue passar mais de um ano estudando no mesmo lugar. E, ah, verdade, ele é filho de um deus grego e está sendo acusado de roubar sua nova-velha família.

Não existe forma mais inteligente de apresentar um universo para os leitores que colocar um personagem que não sabe nada do que está acontecendo no meio de um problema enorme. Percy não acreditava nos deuses gregos, não sabia que seu pai estava vivo, ao menos entendia alguma coisas sobre misticismo, mas lá está ele, lutando pela sua vida enquanto ninguém parece se esforçar para explicar o que está acontecendo. Junto com ele, aprendemos pouco a pouco sobre o universo que Riordan usará em muitos (muitos) outros livros. 

Monstros não morrem, Percy. Eles podem ser mortos. Mas não morrem.

Aos poucos, vemos como ele aprende mais sobre o mundo que o cerca e sobre si mesmo. Como ele entende que os deuses são irritantes, que os filhos de Ares não se dão bem com água da privada, que bons amigos são mais valiosos que mil dracmas e que estátuas realistas são um sinal enorme de perigo. A cada task na viagem para resolver um problema que ele não era o responsável, mais queremos ler. Mais precisamos ler.

Esse é um livro hilário. Eu ri tanto. Juro, quem vive comigo não deve ter aguentado minhas risadas. Não existe bom humor sem bons personagens e, felizmente, eles existem de sobra nesse livro. Percy é rápido com suas tiradas provocantes, Grover é sincero além da conta e Annabeth facilmente poderia ser desenhada na capa do livro com os olhos revirando por conta de alguma burrice que ouviu. Cada personagem, cada mínimo personagem, é marcante e bem humorado a sua maneira. Desde os monstros de fedor fétido até os deuses perfeitamente imperfeitos.

Tudo é tão carismático. Percy é rápido com suas tiradas provocantes (é impossível não pensar no humor do nosso Homem-Aranha quando ele ri da cara dos deuses), mas também se importa tanto com os outros. Ele é um garoto leal, que quer pertencer a algo, e que sente falta de sua mãe. Annabeth, a nossa sabidinha preferida, pode ser a mais inteligente do Acampamento Meio-Sangue, mas ela quer mais que isso. Ela quer lutar, viver, ser uma heroína. E, para isso, ela vai precisar quase virar estátua, lidar com seu medo de aranhas e brincar com um cachorro. Então vem Grover, nosso amado Grover, sendo simplesmente o meu personagem preferido de toda a série.

Morra, ser humano! Morra, pessoa tola e poluente!

Um elogio que precisa ser feito é para a edição da Intrínsica. A capa é linda (elas se completam e sempre que lembro disso o meu coração derrete), o trabalho de arte foi fenomenal. A tradução foi muito bem feita, as piadinhas que costumam agredir os tradutores de livros de fantasia continuaram fazendo sentido. Eu não achei nenhum erro grande de revisão, apenas um travessão que foi posto no lugar errado e eu admito sem hesitação que quem se importa com isso está realmente caçando defeito. Acho que Percy Jackson em si, com todas as suas continuações e spin-offs, é um dos melhores acertos editoriasi da Intrínsica. 

Ao final, só resta repetir o que passei a resenha toda tentando dizer: leia, você não irá se arrepender.

Título: Percy Jackson e os Olimpianos - O ladrão de Raios | Autor: Rick Riordan | Editora: Intrínsica | Tradutor: Ricardo Gouveia | Nota: 5

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