Dois irmãos curiosos, espertos, travessos, que desejam visitar uma ilha nunca antes desbravada e sem a supervisão dos pais: o que poderia dar errado? Eu te respondo: tudo. Tudo. Imagine qualquer aspecto da vida de duas crianças passando um tempo no interior e saiba: dará errado.
Essa é uma clássica história de aventura numa terra desconhecida, com seus mistérios escondidos na escuridão e belezas paradisíacas preenchendo cada centímetro do local a ser desbravado. Ela tem personagens com motivações simples (explorar e sobreviver) e problemas bem estabelecidos (encontrar água potável, enfrentar as mudanças climáticas, o medo de encontrar uma outra pessoa naquela terra que deveria ser inabitada), mas o melhor em A Ilha Perdida é uma camada além dessas questões: a preocupação com a natureza.
Todo o livro é um tratado cujo objetivo é explicar para as crianças que a natureza precisa ser protegida e bem cuidada além de mostrar que os animais, do menor ao mais assustador, são seres que merecem respeitado e que não devem sofrer apenas porque você sente medo ou quer dominá-lo. Maria explica para as crianças com essa série infantil com personagens recorrentes que a natureza importa e que, enquanto você entender isso e agir dessa forma, você será uma boa pessoa.
Existe uma certa hipocrisia quando os personagens que nos ensinam que a morte de um cervo dói em todos como se fosse um parente que houvesse morrido apenas para matar uma cobra sem se pensar duas vezes. Não adianta dizer que uma cobra é violenta e por isso a morte dela não significa nada quando o mesmo personagem tem uma onça de estimação. É um erro que, lendo depois de já ter passado pela infância, estraga a mágica criada naquele cenário de veraneio e descobertas.
Título: A Ilha Perdida | Autor: Maria José Dupré | Editora: Ática | Nota: 3,5
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